Era uma vez, em uma terra não tão distante, cinco monstros cruéis estavam à minha frente. Uma serpente negra com asas vermelhas, um ciclope quadrúpede deformado, um guerreiro albino, um inseto mutante e um anjo caído às trevas. Tudo que pude fazer foi aguentar o ataque. Permanecer vivo. E consegui. Desafiando os deuses, mas consegui. As chances estavam contra meu favor. Não resistiria mais um ataque. Não havia saída. Ou melhor, havia somente uma saída. Uma única arma que ainda não estava em minhas mãos. O fenômeno mais poderoso do Universo. Mesmo assim, saquei a carta. Tudo mudou, em minhas mãos estava “A” Destruição. Ninguém, nem monstro, nem humano, nem exército, nem planetas, nem estrelas, continuariam intactos. Em minhas mãos, estava o Buraco Negro!
[O devorador de mundos!]
De forma simples, o buraco negro é uma região do espaço que concentra uma quantidade de massa concentrada tão drástica, mas tão imensa, que nada consegue se livrar de seu campo gravitacional. Nem mesmo a luz, não à toa, esses fenômenos ganharam esse nome.
O buraco negro ocorre, por exemplo, quando uma estrela não possui mais pressão suficiente para produzir uma força para fora que contrabalance o peso de suas camadas externas. "Essas camadas caem sobre as internas produzindo uma implosão que dá origem ao fenômeno", diz a astrônoma da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Thaisa Storchi Bergmann. Ou seja, é como se a gravidade fosse tão forte, que até as camadas de solo não aguentassem e fossem sugadas para o núcleo. E como sabemos (ou deveríamos saber), para a gravidade, não importa o tamanho, mas sim a densidade da massa.
[Lindo, porém mortal! Igual ao baiacu...]
Até hoje a melhor teoria para explicar este tipo de fenômeno é a Teoria Geral da Relatividade, formulada por Albert Einstein, aquele velho maluco que você não dava a mínima na época do colégio, seu herege!
Mas, para entender melhor do que se trata um buraco negro é preciso entender alguns conceitos. Então, senta que lá vem histó... pera, não. Senta que lá vem física!
Segundo a teoria do Einstein, a força da gravidade seria uma manifestação da deformação no espaço-tempo causada pela massa dos corpos celestes, como os planetas ou estrelas. Essa deformação seria maior ou menor de acordo com a massa ou a densidade do corpo. Portanto, quanto maior a massa do corpo, maior a deformação e, por sua vez, maior a força de gravidade dele. Einstein defende que, na prática, não há como distinguir a “força da gravidade” da “força da aceleração”. Matematicamente, são a mesma coisa. Assim, para vencermos a “força gravitacional”, temos que acelerar nosso corpo na direção oposta mais rápido que a velocidade que nos puxa para baixo. Essa aceleração tem o nome Velocidade de Escape. Por exemplo, para que um foguete saia da atmosfera terrestre para o espaço ele precisa de uma força de escape de 40.320 km/h. Em Júpiter, essa força teria de ser 214.200 km/h. Essa diferença muito grande, é porque sua massa é muito maior que a da Terra. Lembrando que maior massa não significa maior tamanho.
É isso que acontece nos buracos negros. Há uma concentração de massa tão grande, tão imensa, tão extraordinária, tão exacerbada, tã... bem, vocês entenderam... em um ponto tão infinitamente pequeno que a densidade é suficiente para causar tal deformação no espaço-tempo que a velocidade de escape neste local é maior que a da luz. E gente, só há pouco tempo conseguimos acelerar uma onda de rádio mais rápida que a velocidade da luz. Então amiguinhos, NADA consegue escapar do buraco negro, por isso que nem mesmo a luz consegue escapar.
[Olá, eu sou um gif animado de um buraco negro sugando a luz.]
Uma vez que nada sai de um buraco negro, nada de um buraco negro chega até nós. Nem a luz. E só vemos algo graças à luz, né? Resta-nos então observá-los indiretamente, através de sua ação sobre sua vizinhança. "Vemos" um buraco negro observando "coisas" que o rodeiam sob a ação do seu campo gravitacional ou então que "caem" em sua direção, também sob a ação desse mesmo campo gravitacional. A velocidade com que a matéria, a uma determinada distância de um corpo, o orbita, é proporcional à gravidade desse corpo.
Então, nada mais justo que uma carta que tenha o efeito de sumir com todos os monstros no campo, seja representada pela força mais destrutiva do Universo.
That’s all, folks.